quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Noções de primeiros socorros necessárias para salvar vidas

Sair vivo de um situação de emergência em saúde, como um infarto ou uma crise de hipertensão em locais públicos de Salvador é quase impossível. Sem a presença de equipes médicas, de alguém que tenha princípios em primeiro atendimento ou de um desfribilador externo, como existem nas grandes capitais do mundo, as vítimas de ataques ficam apenas à espera de um milagre. As duas mortes que aconteceram na última segunda-feira chamaram à atenção para a importância do atendimento rápido e a educação de primeiros socorros. Apesar de ainda não existir no Brasil, uma lei que obrigue os locais de grande circulação de pessoas a possuírem o desfribilador ou um médico sempre pronto a prestar atendimento, o caso do passageiro de ônibus Otávio da Silva reacende essa necessidade. De acordo com o tenente Ênio Diz, que liderou a equipe que tentava reanimá-lo dentro do ônibus, se toda pessoa recebesse ensino básico de primeiros socorros, muitas mortes poderiam ser evitadas.
O soldado Jorge Henrique, do 1º Grupamento de Bombeiros Militares (GBM) relata que já atendeu quatro vítimas de parada respiratória entre janeiro e julho deste ano na área da Barroquinha. Ele também destaca a necessidade de aprendizagem dos primeiros socorros. "O correto é incorporá-la como disciplina ao ensino fundamental. Inclusive já abordamos o assunto em escolas e tentamos conscientizar as secretarias de educação sobre o assunto. É um dever de todos oferecer um pouco de si para socorrer o outro", enfatiza.
O bombeiro Jorge Henrique, que tentou socorrer a vítima de uma parada respiratória, afirma que a população precisa conhecer pelo menos os primeiros procedimentos para atender vítimas de desmaios, paradas respiratórias, queimaduras e traumas, como atropelamentos. "Os primeiros socorros são essenciais para manter os sinais vitais. E isso deve ser feito em no máximo cinco minutos. Após esse tempo, o risco de morte e de seqüelas é maior ", frisa.
A ignorância diante de determinados procedimentos e a automedicação pode trazer mais prejuízos. "As pessoas querem ajudar e muitas vezes acabam piorando a situação. Já atendi vítimas de desmaios que estavam com a boca cheia de sal. Isso não pode acontecer, pois não se sabe se pessoa tem problemas de hipertensão ou possui diabetes. Em casos de trauma a vítima também não pode ser manipulada sem o uso de técnicas ", afirma.
Paradas respiratórias e desmaios são comuns em locais públicos. No mês passado, uma pessoa sofreu infarto e morreu no Terminal Marítimo de São Joaquim, antes de embarcar no sistema ferry boat para Ilha de Itaparica. Diante de casos como esses, um projeto de lei orgânica nacional prevê a implantação de desfibriladores automáticos externos em locais públicos para atender essas emergências.
O projeto está em tramitação na Câmara Federal de Deputados, e determina a implantação do equipamento em locais públicos como shopping centers, hotéis, lojas de departamento, aeroporto, estações rodoviárias, ferroviárias, metrôs, estádios de futebol, ginásios de esportes, hipermercados, faculdades e universidades, entre outros. A lei prevê ainda o treinamento da população fixa do local, para o uso do desfibrilador.
De acordo com o bombeiro, alguns sintomas indicam o infarto agudo do miocárdio, como, dores no peito que irradiam pelo pescoço e braço esquerdo, cansaço, sudorese (suor constante) e dificuldades para respirar. Algumas unidades do Salvar possuem o desfibrilador, mas apenas os médicos podem utilizá-lo.
Segundo orientação de Jorge Henrique os procedimentos a serem feitos em situações de desmaios são: Folgas as vestes, elevar os membros inferiores em 30º e tentar a conversação com a vítima. Nos casos de trauma, a vítima deve ser estabilizada com o colar cervical, ser colocada em uma prancha e transportada em carro espaçoso, como ambulância. "E necessário olhar também se há algum corpo estranho na boca, como chiclete e se há secreção em alguma parte do corpo". Entre os princípios de atendimento, o soldado alerta para a utilização da luva que deve proteger tanto o socorrista quanto a vítima.

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